É comum vermos profissionais no nosso dia a dia que querem o poder pelo poder. Ou o dinheiro pelo dinheiro. Estas pessoas, movidas pelos interesses próprios (e não há nada de errado nisso), orientam suas carreiras motivadas apenas pelo quanto eles vão receber de salário no final do mês ou pelo tamanho da equipe que eles poderão gerenciar. Também é comum (e triste) ver que algumas dessas pessoas fazem o possível e o impossível para chegarem até onde desejam. E isso inclui atropelar conceitos éticos e morais e, também, passar por cima de seus colegas de trabalho.
Apesar das situações que possam envolver essa escalada na carreira, de fato, as pessoas com determinação, disciplina e disposição chegam lá. E quando chegam, por quanto tempo dura essa felicidade de um salário mais alto no final do mês? O que passará a mover o interesse dessas pessoas uma vez que o tempo de transição entre cargos executivos (ou de maior gabarito técnico) é mais espaçado do que em cargos de menos skill técnico e gerencial?
O que ocorre é a síndrome do cachorro que corre atrás do carro. Quando chegam onde desejam, essas pessoas ficam realmente satisfeitas pela conquista, o que é merecido, porém, em pouco tempo, seus níveis de felicidade caem ao mesmo patamar de antes. O foco da felicidade está errado. Pesquisas indicam que quem busca a felicidade em conquistas materiais tem prazer na meta obtida por apenas 6 meses. Ou seja, dentro de 6 meses elas voltarão ao mesmo índice de insatisfação que eles tinham antes de obter o desejado.
Outro fator relacionado à queda mais rápida dos níveis de felicidade é a falta de perfil para a área onde o profissional se vê inserido. Ao se depararem com questões não conhecidas aguardando um posicionamento, muitos profissionais terminam por arrastar o processo decisório ou atuarem com mão de ferro para impor seu método de trabalho. Esse nível de stress contribui ativamente para a piora da qualidade de vida e de trabalho de quem se encontra nesta situação e, por consequência, da sua satisfação pessoal e profissional.
O psicólogo Daniel Kahneman, prêmio Nobel de Economia, explica isso da seguinte forma: “Talvez não se trate de os prazeres perderem a validade, e sim de o nível de exigência crescer. Assim, se você costumava comer em bandejões e passa a freqüentar restaurantes de luxo, na primeira semana sua sensação é de estar no paraíso. Mas, com o tempo, você espera aquela qualidade de comida. Para impressioná-lo, seria necessário ir a um restaurante muito mais extraordinário.”.
“Na realidade, é a somatória das pequenas coisas, que acontecem no dia-a-dia é que nos proporcionam essa sensação de bem-estar”, conclui, enfatizando que “mesmo que você esteja muito ou pouco feliz, sempre voltará ao normal”.
Podemos concluir que, portanto, a felicidade é um equilíbrio. É onde há harmonia entre a tranquilidade e a pacificidade do ser humano consigo mesmo. Todos já vimos pesquisas com ganhadores de loteria que no final das contas voltam ao mesmo nível de felicidade que tinham antes de serem contemplados. Já vimos também casos de pessoas que são ótimas em seus cargos e que, após serem promovidas e receberem incentivos financeiros por isso, passam a deixar de render, a ficar tristes e até se desligarem da empresa para terem chance de fazer o que realmente gostam.
A Universidade da Califórnia realizou uma pesquisa que informa que 40% da nossa capacidade de ser feliz está ligada ao poder de mudança que temos. Esse poder de mudança, no nosso trabalho, está ligado ao quão bem fazemos as nossas atividades e como nos sentimos à vontade e capazes de cumpri-las. Já tive contato com profissionais que estão a muito tempo em suas áreas de conhecimento (apesar de terem sido chamadas para cargos de gestão), tem sucesso e são reconhecidas financeiramente por isso. Elas são realmente boas no que fazem.
Portanto, antes de dar um passo maior do que a perna, seja sincero consigo mesmo. Você está atrás do que? Do dinheiro? Do status? Ou dos seus valores?
Pense nisso.
Quanto tempo dura a felicidade de um salário maior? http://t.co/VohLPaIPLa